31 de dezembro 2019. Começámos a ouvir notícias de um vírus que estava a propagar-se na China. No mês seguinte, janeiro de 2020, este vírus é detetado fora da China e começa a haver alguma precaução por parte de outros países.
Ainda me lembro de uma amiga, que trabalha num hospital, me ligar a meio da manhã de um dia da semana a aconselhar-me comprar máscaras e gel desinfectante, pois o mais certo era num futuro próximo começarmos a usar. Pelo sim, pelo não, numa das minhas idas ao supermercado, comprei apenas o gel desinfectante.
2 de março de 2020. Primeiro caso português que deu positivo para o novo coronavírus. Foi nesta altura que comecei a reforçar algumas medidas de higiene em casa. Para além disso, passei a ir buscar o Vicente todos os dias à escola para almoçar e sempre que os miúdos saíam da escola e entravam no carro desinfectavam as mãos.
12 de março de 2020. Primeiro dia em que fiquei em casa com os miúdos, de livre e espontânea vontade. Ainda não se sabia o que o Estado ia decretar, mas achei que era mais seguro ficar logo em casa e meti alguns dias de férias. Explicámos aos miúdos o que estava a acontecer para eles perceberem o porquê da alteração de rotinas. Também fizemos a nossa primeira encomenda online e não tivemos problemas de stock ou de prazo de entrega.
16 de março de 2020. Foi decretado pelo Governo o encerramento de todas as escolas. A partir deste dia fiquei oficialmente em tele trabalho e o meu marido também. Nesta primeira semana tivemos que reorganizar a casa para conseguir ter espaços de trabalho/estudo e não perder o conforto do nosso lar. A semana seguinte serviu para nos adaptarmos a novas rotinas. Os miúdos tinham trabalhos orientados pelas respetivas professoras. Mais tarde, em abril, arrancou a tele escola, que complementou as directrizes da professora do Vicente.
18 março de 2020. Meu aniversário. Decretado Estado de Emergência em Portugal. A partir daqui ficámos sempre em casa. As compras eram feitas sobretudo online e o meu marido saía para ir à farmácia e pouco mais. Estipulámos uma rotina parecida com a normal: levantar cedo e às 9h estávamos em trabalho/estudo. Fazíamos uma pausa a meio da manhã e depois continuávamos até ao almoço. Almoçávamos sempre juntos e víamos apenas os 5 primeiros minutos do telejornal para estarmos a par dos últimos acontecimentos. De tarde, os miúdos estavam mais livres para outras atividades e quando eu acabava o meu horário de trabalho fazíamos todos uns minutos de exercício, de preferência no jardim. A seguir, banhos e jantar para depois não nos deitarmos muito tarde. Rezámos de noite e, enquanto o Vicente pedia para que o coronavírus fosse embora para ele poder abraçar os avós, a Inês queria que ele demorasse mais um bocadinho para ficar mais tempo em casa. E foi assim durante uns meses, com o fim de semana a ser passado mais devagar, para tarefas domésticas e para dar mais atenção aos miúdos.
Em nossa casa, o tempo passou rápido. Fizemos sempre o pão, inventámos umas francesinhas, fui buscar receitas da minha bisavó, vimos os meus pais atrás da janela, fizemos muitas vídeo chamadas e aprendemos a gerir as nossas emoções 24h/24h. Ainda cortámos o cabelo aos miúdos e eu aventurei-me na depilação a cera em casa.
7 de maio de 2020. Primeira saída à rua com os miúdos após o confinamento. Eles adoraram. Correram, saltaram, andaram de trotinete. Foi muito bom e a partir deste dia saímos todos os dias uns minutos ao final da tarde para desanuviar do nosso espaço. A primeira fase do desconfinamento começou dia 4 de maio.
12 de junho de 2020. O Vicente fez 8 anos e, pela primeira vez, fomos jantar a um restaurante, à Casa da Guripa. Por momentos parecia que estava tudo normal, mas nunca no esquecemos das medidas de higiene e segurança decretadas pela DGS.
1 de julho de 2020. Primeiro dia de praia e início das primeiras férias. É estranho estar na praia e ter em atenção o distanciamento social, além da família mais próxima. O facto de estarmos em barraca ajuda a delimitar mais o nosso espaço, o que me deixa relativamente mais tranquila.
13 de julho de 2020. Primeiro dia de trabalho presencial. Há menos gente no edifício, menos colegas no gabinete, a máscara chega a dar-me dores de cabeça. Há todo um procedimento diferente, mas que tem que ser cumprido. Nas próximas semanas e até eu entrar novamente de férias, vou estar entre tele trabalho e trabalho presencial.
E agora a nossa vida tem andado muito por tentarmos voltar a uma certa normalidade, evitando sempre os convívios ou locais desnecessários. Temos estado apenas com a nossa família mais próxima e tem sido um dia de cada vez. Queremos muito que toda esta pandemia acabe e volte tudo ao normal. Só não sabemos é se esse normal algum dia vai ser como o normal pré Covid-19!